Em um recente Curso de Oratória, tivemos a grata presença de Fernanda-20 anos (nome fictício). Ela chegou com muita garra para vencer a inibição que a acompanha desde a infância. Nas apresentações iniciais quase que a voz não saía, baixinha e sua pele tomava todas as tonalidades do vermelho, indicando nervosismo e timidez. Exercitamos Fernanda durante todo o Curso de Oratória e a cada etapa víamos um grande potencial de comunicação sendo despertado.
Simpática, educada, muito inteligente e uma moça muito bonita: esta é Fernanda com todo seu potencial para alcançar o sucesso. Mas com bloqueios devido a vários fatores que começamos a estudar e ajudamos que ela quebrasse estes obstáculos.
Encontramos dois grandes motivos para os bloqueios da Fernanda: o primeiro deve-se a mudança de estado: o choque de culturas que ela viveu durante a infância. Deixou seus amigos, sua escola, sua casa, durante as descobertas que a idade permitia. Foi para um lugar diferente, com cultura e pessoas totalmente desconhecidas. Se fechou, com medo de ser rejeitada. Outro ponto importante: a família dava mais atenção aos irmãos que a ela. Não soubemos o motivo. Até em casa ela era fechada, enquanto a família era toda comunicativa e interagia com freqüência. Não é culpa dos Pais, mas às vezes dão muita atenção para determinado filho, esquecendo de outro. Pode ser por proteção, achando que o filho é mais frágil, carente ou por ter passado por algum problema de saúde.
Sabemos que sob o ponto de vista clínico, não é considerada uma doença, porém, em nível acentuado, possa trazer algumas complicações de ordem psicossomática. Os maiores problemas, na prática, são de ordem social.
Segundo Bernardo Carducci (Shyness: The New Solution, in Psychology Today, Janeiro de 2000), 75% das pessoas apresentam condutas tímidas diante de estranhos. Isso quer dizer que três entre quatro pessoas têm dificuldade para se relacionar plena e objetivamente na sociedade, se isolando do mundo.
Algumas crianças reagem com agressividade, outras ficam doentes e tem aquelas que regridem, ficando infantilizadas. No caso de nossa querida Fernanda ela bloqueou sua comunicação, fechando-se em seu mundo, sem expressar suas emoções. Por isso, agora, já com seus vinte anos ela luta para vencer o medo de falar em público.
Após o Curso de Oratória, ouvimos a voz de Fernanda sair com mais intensidade, e sua respiração estava mais tranqüila. Claro que ela terá que se exercitar muito, treinar e enfrentar todas as oportunidades que tiver para falar em público: na Igreja, na Faculdade, em reunião de amigos ou durante eventos familiares. É um processo longo mas que trará de volta a Fernanda a alegria de viver intensamente, sendo admirada também por sua comunicação.
Todos temos um grau de timidez. Alguns são bem insignificantes, causando sempre as opiniões “fulano não é tímido” ou “beltrano é cara de pau”, o que não é verdade. O que temos certeza é que a formação do caráter de nossos filhos irá influenciar seu desempenho como adolescente e adulto. Criar indivíduos comunicativos, que interagem, expôem suas idéias e mostram suas emoções é o melhor caminho para adultos que debatem idéias, respeitam os semelhantes, se superam a cada dia com bom caráter e valores nobres. Comunicação é tudo na vida. Por isso quanto mais qualidade tivermos em nossa integração com o mundo e seus indivíduos, sabendo controlar nossos impulsos e reações, mais rápido alcançaremos o sucesso.
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