O alerta feito pelas entidades de oftalmologia, no ano passado, sobre os crescentes casos de miopia em pacientes com até 19 anos, permanece em 2022. Isto porque o problema está longe de acabar.
Com a pandemia ainda presente e a superexposição, cada vez maior, de crianças e adolescentes às telas, os diagnósticos da doença não param de crescer. Daí a relevância do reforço do alerta neste período que antecede a volta às aulas.
A oftalmologista Liliana Nóbrega, profissional designada pela Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Soblec, para a divulgação desta preocupante situação no Espírito Santo, afirma que este é um alerta permanente.
As estatísticas apontam que, se nada for feito de imediato, até 2050, metade da população mundial será míope e a grande maioria desse público será de crianças e jovens. Para reverter esse cenário, é fundamental que eles diminuam o tempo de exposição à frente dos smartphones, tablets e computadores, sem olhar para longe e sem tomar um pouco de sol ao ar livre.
“Antes se pensava que só a questão genética gerava a miopia em uma criança. Que o problema só a acometeria se ela tivesse uma mãe ou um pai ou ambos míopes. Hoje, vemos que o ambiente influencia no problema: a criança que só fica nas telas, nos games, com a visão de perto, também está se tornando míope”, reforça Liliana Nóbrega.
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Adagner, de 13 anos, filho da empresária Giseli Zanelato, enfrenta problemas com a miopia desde os seis, quando começou a ter contato com o mundo digital e fazer uso de eletrônicos. “Ele jogava muito videogame e sempre muito perto da TV. Quando pedi para que ficasse mais distante, ele disse que não enxergava. Foi aí que me preocupei e o levei ao oftalmologista. Nesse momento, Adanger já estava com grau 1.5”. E importante: nem Giseli nem o marido têm problemas de visão. A mãe conta que, com a pandemia, o isolamento social e o aumento no uso de eletrônicos por parte de toda a família têm dificultado o controle dos horários em que seu filho está conectado. “Penso que o problema se intensifica com o isolamento”, conta Giseli.
Nos países do Oriente já existe o que estão chamando de epidemia de miopia. Por isso é tão importante alertar pais, educadores e os próprios jovens e crianças para diminuírem o tempo de exposição nas telas e irem ao ar livre.
E essa é uma questão muito séria. O aumento da miopia leva a maiores associações com patologias oculares graves que causam baixa visão. “A nossa vida moderna de altíssima tecnologia nos facilita o dia a dia em muitos aspectos, mas se não tomarmos cuidado com o exagero do uso de dispositivos eletrônicos e o consequente fato de não piscarmos adequadamente e não lubrificar os nossos olhos, teremos outros problemas oculares. Tem também a síndrome do olho seco, até então uma doença predominante em mulheres adultas, de meia idade em diante, está acometendo em maior número crianças e jovens de ambos os sexos. A hora de tentar reverter este sério problema é agora e a informação é uma das ferramentas mais importantes neste combate", afirmou a especialista.
O cuidado e a disciplina no uso dos equipamentos eletrônicos, associados à utilização de tratamentos oftalmológicos adequados, são ações que podem retardar as consequências da exposição aos aparatos tecnológicos. Até porque muitas pessoas não têm como se ausentar da realidade digital por questões profissionais, educacionais, dentre outros fatores. Infelizmente, a miopia e outras patologias são uma realidade hoje em dia e devem ser tratadas com atenção e cuidado visando uma melhor qualidade de vida para todos.
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