quarta-feira, 15 de junho de 2016

Rayane decidiu ser Mulher - por Luciana Máximo

Rayane escolheu ser mulher

Rayane é uma pessoa que escolheu ser mulher. Trocou os documentos, fez a cirurgia de

mudança de sexo e hoje é casada com um pescador e feliz

Por Luciana Maximo

 

Rayane é uma mulher que nasceu com órgãos sexuais masculinos e com a alma de

mulher. Ela tem 30 anos e trabalha como auxiliar de professora em uma das escolas de

Presidente Kennedy, filha de pai pescador e mãe manicure, cursa pedagogia e adora

trabalhar com crianças. Rayane dedica-se de corpo e alma ao que faz, é companheira do

marido, fiel, casada e feliz com a escolha que fez ao passar pelo processo cirúrgico,

trocar de documentos e residir no pacato balneário de Marobá.   

Desde criança, ela se comportava como menina e aos três anos pedia à mãe que a

vestisse com vestidos, preferia bonecas nas brincadeiras. Aos seis anos, quando a mãe,

uma manicure, fazia as unhas de uma psicóloga, foi enfim compreendida por uma

profissional que avisou a mãe dela. "Leva essa menina ao meu consultório que ela

precisa de tratamentos. Mamãe me levou, a psicóloga pegou uma boneca e um carrinho

e disse: 'pega o que você quer brincar', eu peguei a boneca. Ela me perguntou por que

eu gostava de boneca. Nesse instante, fez várias perguntas e chamou minha mãe e falou

que eu tinha um transtorno de gênero. Minha mãe não sabia o que era aquilo. A

psicóloga falou que eu seria menina com um órgão sexual masculino, mas seria menina.

Disse que eu pensava como mulher e isso não teria como sair de mim e que jamais a

minha mãe conseguiria tirar o pensamento de mulher da minha cabeça. E ainda disse

que insistindo só me faria sofrer', contou.

Contou a acadêmica que, quando os pais se separaram, ela veio com a mãe para Marobá

e ficou até os 14 anos. "Eu era um menino/menina, mas quando entrei na puberdade as

coisas ficaram mais difíceis, meus amigos me obrigavam a ficar com meninas. Eu até

beijei algumas meninas, com cara de nojo, eu beijava por beijar. Aos 14 anos, eu beijei

o primeiro menino".

 

Professor preconceituoso

Ela não se conformava em ser objeto de brincadeiras, agressões e bullyng nas escolas e

sofria demais. Morando numa comunidade pequena, uma vila de pescadores, o

preconceito era maior ainda. Aos 14 anos, fez as malas, saiu de casa e foi para Rio das

Ostras. Lá, ela acabou vivendo como menina, sem ter que se preocupar com o que as

pessoas falavam. Entretanto, teve embates, sofreu assedio moral no trabalho, passou por

momentos muito difíceis, abandonou a faculdade no terceiro período de direito, pois

não suportou as reações preconceituosas até mesmo de professores. "Tinha um

professor na faculdade que não me respeitava e fazia questão de me humilhar. Eu acabei

desistindo da faculdade. Eu foquei na troca dos meus documentos. Eu via que não ia

conseguir nada, nem emprego".

Aos 18 anos, deixou o cabelo crescer e contou à mãe que era uma mulher. "Minha mãe

surtou, pediu que eu fosse homossexual e eu disse, não serei. Eu disse, sou uma mulher

e vou viver como uma mulher".

 

A cirurgia

Inconformada com os órgãos masculinos e a alma feminina, Rayane deu entrada num

processo judicial e conseguiu trocar seus documentos. Hoje, ela possui todos os

documentos com o nome feminino e assina como Rayane Batista de Morais.

O sonho era poder fazer a cirurgia e trocar de sexo de uma vez. Rayane foi uma das

poucas pessoas no Espírito Santo que conseguiu fazer todo o tratamento psicológico e

realizar a cirurgia pelo Sistema Único de Saúde – SUS. Ainda há preconceitos, mas só

de gente grande. A nova mulher passou por uma cirurgia e trocou de sexo.

O casamento

Ele, jogador de futebol, filho de pescador e pescador por profissão. Um ogro. De pouca

instrução, mas com uma postura admirável. Apaixonou-se pela acadêmica aos 16 anos e

a assumiu, perante a família e à sociedade. Eles estão há oito anos juntos. Ele já caiu na

porrada diversas vezes para defender a sua mulher. Eles se casaram e hoje formam um

casal feliz na pacata Marobá. "Quem nos vê acha que somos água e óleo. Ele é

totalmente bronco, machão, brigão, ele e aquele homem de roça, que fala palavrão e

xinga. É difícil ver ele casado com uma pessoa que decidiu por sua felicidade quando

optou por trocar o seu sexo. Eu o admiro muito, pois ele se apaixonou por mim e pela

pessoa que eu sou e passou por cima de tudo para ficar comigo".  

Rayane é uma mulher linda, determinada, ousada, corajosa, independente e uma

profissional que se entrega ao que faz.  Ela já viajou o mundo, morou nos EUA e teve

de tudo que almejou possuir, mas queria apenas ser feliz e encontrou essa felicidade ao

lado do jovem Rodrigo Cordeiro. Há oito anos ela se casou no cartório com o pescador

e vive feliz da vida no trabalho e em casa.

Foto: Rayne sozinha

E Rayane e Rodrigo

Legenda: Rayane fez a cirurgia e trocou de sexo, hoje é a casada e feliz, apesar de alguma

pessoas a julgarem.



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Ramon Barros
Colunista Social, Consultor Comportamental
       
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