terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Vale Tudo: o que mudou no país e o que permanece igual 23 anos depois

PORTAL R7.com
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Em 16 de maio de 1988, cinco meses antes de ser promulgada a Constituição que estabeleceria o Brasil democrático, o país parou para ver a estreia da novela Vale Tudo


Com Gal Costa cantando Brasil, de Cazuza, em inspirada abertura da turma de Hans Donner, na qual figuravam marcantes paisagens brasileiras, a novela conquistou o público.
Ela mostrava a história de Raquel (Regina Duarte), uma mãe que é passada para trás pela própria filha, a ambiciosa Maria de Fátima (Gloria Pires). Como pano de fundo para o embate familiar, um Brasil com economia em crise, desigualdade social, desemprego, corrupção e desesperança. 



Quase 23 anos depois, a trama escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Basséres seduz outra vez o brasileiro, reexibida pelo canal pago Viva e também disponível no YouTube, graças a telespectadores fanáticos. 



Mas, afinal de contas, o que mudou e o que continua igual quando se compara o Brasil de 1988 apresentado no folhetim com o atual? Com a palavra, Gilberto Braga, um dos autores da trama.
- Quase tudo é igual entre o Brasil de Vale Tudo e o atual. Só acho que - e isso é muito positivo - as pessoas estão mais preocupadas com a impunidade. 



Aguinaldo Silva, co-autor, lembra que, no mundo político pouco mudou.



- A classe política ainda é a mesma, assim como a corrupção institucionalizada e a atitude arrogante das classes dominantes, incluindo, de novo, os políticos, que se acham acima do bem e do mal. Em Vale Tudo, essa classe é tão bem representada pela personagem Odete Roitman [Beatriz Segall]. 



Para o novelista, ainda impera "a irresponsabilidade das pessoas menos favorecidas em relação à própria vida".



- Elas não pensam no futuro, esquecem o passado com uma rapidez incrível e só querem saber da cervejinha e do samba do presente. 



Quando questionado o que mudou para melhor na sociedade brasileira nestes 23 anos, Silva demonstra pessimismo. 



- Pouca coisa, mas uma mudança importante é que o brasileiro perdeu aquele sentimento de inferioridade que o tolhia. Hoje, não somos, mas nos achamos o máximo. O Brasil continua o mesmo, só que maior, e com problemas maiores ainda. O mundo é que mudou e nos levou junto. E como o mundo mudou pra pior... 

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